Pesquisa revela presença de substâncias tóxicas que tornam a água Rio do Beberibe imprópria para consumo

Estudo realizado por estudantes e pesquisadores da UniFafire, que será apresentado em evento nesta quinta-feira (23), mostra uma realidade triste para a saúde em Pernambuco e que se refere ao Rio Beberibe, historicamente importante para o abastecimento público e para as atividades das comunidades vizinhas.

Alvo de uma preocupante pesquisa sobre a qualidade de sua água, o estudo, conduzido pelos alunos do curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário Frassinetti do Recife (UniFafire), será divulgado nesta quinta-feira (23), das 9h às 12h, durante o XXI Congresso de Iniciação Científica na instituição.

Sob a coordenação da bióloga Paula Regina Fortunato do Nascimento, a pesquisa avaliou a qualidade da água de um trecho da bacia hidrográfica do Rio Beberibe desde agosto do ano passado. O estudo revela a presença de cianobactérias potencialmente tóxicas, indicando um processo de eutrofização — a poluição dos corpos d'água que reduz drasticamente o nível de oxigênio dissolvido, levando à morte de diversas espécies aquáticas e impactando negativamente o ecossistema.

"Estas cianobactérias podem produzir cianotoxinas como microcistinas, saxitoxinas e geosmina, tornando a água imprópria para o consumo humano", alerta a pesquisadora Paula Nascimento. Ela explica que a pesquisa identificou a ocupação irregular das margens do rio, principalmente devido à construção de moradias, como um dos principais fatores de degradação.

A falta de saneamento básico ao longo do curso do Rio Beberibe é outro problema grave destacado pela pesquisa. O despejo de esgoto doméstico e o descarte irregular de lixo provocam o acúmulo de sedimentos no fundo do rio, resultando na perda de biodiversidade, no surgimento de doenças e na promoção de enchentes em alguns trechos. Estes fatores não apenas degradam o ambiente, mas também representam sérios problemas de saúde pública.

A pesquisa, financiada com recursos próprios da UniFafire, enfatiza a necessidade de atenção e ação rigorosa por parte do Poder Público. "É crucial criar projetos de requalificação, como o iniciado pelo PAC Beberibe, que propõe saneamento básico e a construção de estações de tratamento ao longo do rio", destaca Paula Nascimento. Além disso, ela ressalta a importância de um trabalho de sensibilização ambiental com as comunidades locais, que frequentemente contribuem para a degradação do rio.

Na sexta-feira (24), das 7h às 16h30, a coordenadora da pesquisa e os alunos estarão realizando atividades de coleta de material no Rio Beberibe, próximo ao Centro Comercial do bairro de Beberibe. A continuidade desse trabalho é vital para a proteção e a recuperação deste importante patrimônio ambiental, que junto com o Rio Capibaribe, compõe a identidade natural de Pernambuco.